Ela gosta desse tipo de coisas, coisas banais.
Da mensagem de bom dia, antes mesmo de levantar, na cama, ainda, com o resto de sono, da noite mau dormida. E a voz dele do outro lado do celular, trivialidades.
O nome dela deixara de o ser e se tornara num nome qualquer que ele achara, e se da boca dele soassem outras palavras mexia com ela de tal jeito, ela gosta especialmente dessa banalidade. Do que ela representava.
No ecrã do celular dele, a foto dos dois, e o contacto mudara, trivialidades hoje tão raras, que fazia parecer uma última prece.
Daquela que a alma suspira, no fim da oração, "que chegue bem mansinho, que me ensine a amar, que não pertube a minha alma...que...". Bem assim.
E ela foi banalmente vivendo e o conhecendo e entre trivialidade, banalidade e mesmice, ela foi voltando a gostar de viver.
O sorriso mudara, mais aberto, mais resplandecente. Não porque ele fizera isso, mas porque ela, ela só vivia para se dar. E toda aquela banalidade parecia fazer valer a pena, toda essa doação, quase sentia um retorno chegar, bem mansinho, lá no horizonte, quase viu se formar nele um lar.
E depois o nada, porque sempre acaba em nada.
Os momentos triviais, eram apenas isso, ela é que quis transformar em momentos extraordinários. Os gestos, as palavras, as mãos e as longas noites em que ela não se deitava, não passavam disso. E ele, ele era o mais comum dos homens.
O trivial indivíduo que ela quis endeusificar.
É uma força que nasce do àmago de meu ser, E me impele a te dizer, mais que palavras, mais que mistérios Impele a te mostrar. Textos por Ralde Sicato.
sexta-feira, 14 de abril de 2017
Trivialidades
domingo, 9 de abril de 2017
Não deixes que ela vá dormir sem saber o que aconteceu de errado,
Não deixes que ela se questione a noite toda se as coisas no dia seguinte vão estar bem,
E que a insónia, fiel companheira, lhe venha assombrar contando que vai tudo dar errado.
Não deixes que ela sofra desse jeito.
Não permitas isso.
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