Os gritos que ecoam na noite, ainda se fazem ouvir. São monstros mitológicos actuais que se fazem sentir.
O frio entra pelos vincos do lençol, traz consigo a tormenta. "Tenho medo", sempre tive medo, e hoje mais do que nunca.
"Então cala o medo; cala a tormenta, finge que está tudo bem, vai tudo bem, tudo ficará bem. Finge até acreditares que sim, finge até ser verdade".
Talvez só assim poderás ser feliz. Ou pelo menos fingir que o és.
Não sei se o consigo, fingir também requer esforço, não sei se consigo.
"Não pode o medo me consumir? Não posso eu sucumbir?"
Há também beleza em sofrer, talvez seja melhor sofrer. Porque fingir não sofrer é tormento. Deixa-me ser verdadeira, deixa. A verdade é que eu sofro, há muito tempo que tenho sofrido, não sei como sair deste ciclo vicioso, não sei.
Tenho escrito e feito tantas catarses, não são bastantes. Que baste ficar em estanque existência, garrafa na mesa, night à direita. Isto é o bastante. Permite-me que o seja.
Se me preguntares como e quando sou feliz, hei-lo: sou feliz assim, sem ecos, sem sombras, sem vozes. Sou feliz em estanque existência, se me destruo enquanto isso, não sei. Mas é o apogeu da minha existência, Deus meu, a que ponto cheguei?