terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Medo

As coisas não  escritas não  se materializam...pelo menos,  o medo que temos de tal coisa,  parece não se materializar.
Eu tinha tanto medo de dizer em voz alta o que tu fizeste,  de admitir o que eu compactuei, e de ser verdadeira comigo a ponto de admitir que eu tenho culpa no meio disso tudo e que eu mereço mais,  muito mais. E isto não é romantismo redondante,  do tipo cliché que as pessoas repetem incessantemente pela vida fora.
Isto é  a realidade: primeiro,  perdoei algo que nunca deveria ter perdoado,  erro meu,  falha minha. Segundo,  permiti que fosses parte essencial na minha vida quando eu nunca o fui na tua, não tentes negar, nunca fui. Se tivesse sido, essas dores não te acometeriam somente quando eu decido partir, se tivesse sido, tu saberias que ultimamente todos os meus escritos são sobre ti, e mais que isso que eu parei de escrever quando já não havia coisas boas a dizer sobre ti.... Terceiro, eu me apeguei de forma doentia, a uma esperança de que um dia serias o que eu sonhei que fosses: não és.
Quarto, tudo que eu te dei, tudo, mas, TUDO, nem pela metade conseguiste dar, nem que tentes infinitamente, conseguirás dar. A minha honestidade, transparência, a minha vontade de ser tua por inteiro, de construir um futuro contigo, a minha entrega, a minha renúncia, acima de tudo, a minha renúncia. O que faço eu com tudo isso?
O meu medo era admitir que eu investi e continuaria a investir num saco roto, achando que um dia esse saco transbordaria para mim. Mentira.
O medo foi admitir que falhei, que não és tu, que não  mereces, que escolhi mal.
O meu medo foi ter que te tirar de mim, quando tomaste todas as partes da minha vida.
Ainda tenho medo, ainda sufoco. Mas hoje mais do que nunca preciso cuidar de mim. Por isso esses medos que me têm ostracizado devem ser postos de parte.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A vontade de estar contigo nunca acaba, todos os momentos são  inéditos.
O primeiro beijo,  o primeiro olhar,  o primeiro toque,  sorrir sem notar,  cada parte minha que se entrega a ti,  é  o princípio do amor que há em mim.
Cada expressão e sonho que eu teço,  cada

sábado, 21 de novembro de 2015

Se eu já  amei outros antes de ti? Sim já  amei.
Se eu já  senti um amor avassalador que consome?
Sim já  senti
Se tive esperança que tudo iria dar certo?
Sim,  sim e sim.
Então  o quê que mudou?
Não mudei eu, mudou o objecto do meu amor.
Eu já sei tudo isso e confesso que já fui correspondida em parte, mas nunca deste jeito, de um jeito sustentável, de um jeito sólido.
Contigo eu sinto a intensidade das coisas de uma outra forma, contigo eu tenho a certeza que vamos lutar, sim os dois, que vamos os dois lutar para dar certo. E eu sei que todas as coisas que prometeste tu vais cumprir, eu sei. E eu não vejo a hora de sermos felizes juntos, não que não  o sejamos já, mas juntos, para sempre sem mais interrupções, sem mais adeus. Felizes desse jeito.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Aceitação

Eu queria me vingar,  queria te fazer sentir o que eu senti,  queria que passasses pelo que eu passei,  que sentisses a mesma dor.
Eu queria te mostrar que eu também sei mentir,  que todos os truques que tu sabes fazer, eu sei-los de cor e salteado; eu queria te mostrar que eu também sei quebrar promessas,  sem olhar para trás,  sem vacilar nos meus passos.
E então  eu iria ser livre e fazer tudo aquilo que te prometi que não  faria; eu iria voltar aos meus vícios e determinar a minha vida como se tu não  existisses,  porque parece que eu em ti não existo. E no fim de tudo isso,  o que iria sobrar?
Nada, nem metade do meu ser seria,  porque o ódio nunca traz boas coisas,  os sentimentos maus destroem,  porque iria restar de nós  um quarto daquilo que eu criei,  iria restar um quarto daquilo que eu cuidei,  isso seria mais feio do que aquilo que já  é.
A verdade é  que eu aceito ser aquela que mais se entregou,  que mais amou,  que mais fez para dar certo,  que limitou a sua existência,  eu aceito ser a mais sofrida,  a mais humilhada,  aceito ser pedaços  do que um dia fui...aceito tudo isso,  sabendo que sempre houve em  mim amor a mais,  sentimento a mais,  verdade a mais e transparência de mais.
Eu aceito isso.

sábado, 14 de novembro de 2015

Não  te quero comparar,  mas não  resisto. Neste momento se fosse ele,  teria implorado,  teria me forçado,  teria feito de tudo para eu continuar,  mas tu não. Tu não  fizeste isso. Obrigada.
Obrigada por não  me forçares,  obrigada por entenderes que nem sempre eu tenho vontade,  obrigada por respeitares o meu espaço. Obrigada.

domingo, 1 de novembro de 2015

E nós  pensamos que o chão  vai ruir que o mundo nos vai lentamente cercando e que mais e mais cada fôlego é  sufoco.
Nós  pensamos que não há forma de sobreviver a uma tempestade como esta, que não há forças em nós, que tudo está  perdido.
Tenho medo,  hoje mais do que nunca,  tenho medo.

sábado, 31 de outubro de 2015

Até antes de te dizer que era o fim eu pensei em ti. Pensei no quanto ias sofrer, e em meu âmago ponderei a melhor forma de não te magoar, até nisso eu te amei.
Porque amar é querer o bem, ser o bem, dar o bem, amar é dar tudo de nós até mesmo quando a outra pessoa não merece.
No meio de tudo isso, não te quero apontar o dedo, só te quero longe. Quero esquecer que fomos algo, quero te arrancar de mim.
No meio disso tudo eu só quero sair mais de metade do que entrei, quero guardar o amor e ser amor. Para mim e para quem precisar, no meio disso, quero ter paz, acima de tudo quietude, brotando da certeza de que eu fui tudo que podia ser, que dei tudo que podia dar, que amei tudo que podia amar, porque só disso pode nascer a paz.

domingo, 25 de outubro de 2015

Migalhas

Quando estamos chateados nós  amamos mais,  mais sinceramente. Quando estamos chateados nós  abrimos mais os nossos corações e expomos nossos medos,  quando estamos chateados,  quando parece que nos vamos perder no meio do ruído,  quando o peito aperta e ficamos sem ar,  aí  damos mais valor,  somos mais e melhores. Prometemos mundos e fundos,  que sabemos que não cumpriremos no fundo.
Talvez seja esse o ponto mais alto do amor,  talvez seja esse o momento que confirmamos que ele existe...eu sei que é.
Quando estamos assim eu deixo de duvidar de  tudo que me dizes ser verdade,  que em mim sinto falso...quando estamos assim eu quero acreditar,  quero tanto,  com tanta força,  com tanto de mim que eu não  me pertenço...eu não  sou eu...sou tua,  sou metade de mim porque não  existo sem a tua presença,  quando não somos nós,  eu sufoco... eu admito,  eu sufoco.
Em mim eu quero crer que tudo vai valer a pena,  porque estou certa de  que em mim há  amor,  talvez isso baste...talvez se houver amor em mim,  quem sabe um dia,  o mesmo amor se expanda e brote em ti,  quem sabe...?
São  migalhas,  agora em mim,  sou colectora de migalhas,  esperanças  vãs de um todo...é  nisso que me tornei.

sábado, 24 de outubro de 2015

Eu quis tanto que as coisas dessem certo. Quis tanto ser feliz contigo.
Eu quis que nós  dois fossemos uma história  de sucesso,  quis explorar novos mundos a dois.
Eu quis coisas num passado findo,  um passado que não  se retoma. Um pretérito por nós terminado,  que jamais voltará  a ser reiterado.
Eu quis tanto te dar amor,  um amor que eu tenho tento dar a alguém...alguém  que o mereça,  alguém  que mo dê  também. Eu quis tanto ser parte de ti...tudo isso é  findo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Boa Nova...

Eu queria partilhar a boa nova contigo,  queria contar-te que hoje o dia findou bem,  queria  que te alegrasses comigo. Queria partilhar tanta coisa....
Noo meio disso tudo,  cada vez mais tenho a certeza de que eu não  sou nem um milésimo  do teu mundo,  cada vez mais eu sei e sinto que eu sou rede de segurança  que te apara as quedas,  cada vez mais,  cresce em mim um descontentamento....eu queria tanto acreditar,  queria tanto poder ser parte de ti, eu quis tanto....
Há coisas que fogem à  nossa vontade... Há coisas que por mais que nos esforcemos,  por mais que demos apenas as boas partes de nós,  as pessoas fazem por ver a pior...é isso que queres de mim?
Que te mostre quão mesquinha,  quão  rude,  quão  insensível  consigo ser? É  isso?
Só  pode ser...
Eu tenho medo,  não é  nisso que me quero tornar... eu não  quero ser essa pessoa,  nunca mais...nunca mais. Não  quero,  não  posso,  não  vou...

Por esta altura já  deverias saber quem sou,  pior,  deverias saber quem és. Por esta altura,  toda a tua existência  devia curvar-se sobre a minha,  tal como faço  contigo. Por esta altura...foda-se,  tu devias saber,  que é  errado,  que isso não  se faz. Devias saber que quando falas com outras mulheres num tom que deveria ser só  meu,  é  errado,  devias saber que quando dás  o teu contacto a alguém  que por ti está  enamorado,  é  errado,  devias saber que a traição  começa nas omissões,  começa  nos e-mails e mensagens apagadas,  nas chamadas  não  atendidas junto de mim,  devias saber,  foda-se devias....

E no meio disso tudo,  eu tinha tanto medo de te perder,  tinha tanto medo que te fosses embora que acabei por me perder a mim.
Perdi-me quando aceitei voltar,  mesmo depois de estar magoada,  perdi-me quando pensei em ti,  quando naqueles momentos,  tu não  pensaste em nós,  perdi-me porque eu não  me consigo forçar a amar-te sem te odiar,  que porra de amor é  esse?  Perdi-me porque já  não  consigo me ao  espelho,  perdi-me não  sei mais quem sou...senão  uma parte daquilo que em ti me permites ser...perdi-me,  caramba,  perdi-me ao tentar te entender,  perdi-me ao tentar,  ser mais para ti,  dar mais,  mostrar mais,  amar-te mais....

Eu sempre fui demais e tu de menos...
Sempre fui a impulsiva,  descontrolada,   descomedida,  desenfreada,  sempre fui muito para ti...nunca coube nos teus parâmetros....não  sou eu a mulher que amas....não  posso ser....

Ele me faz sentir confusa,  eu não sei se sou a única. E há  momentos que  acredito que vai dar tudo certo.
Ele me faz ser o mais tonta possível,  e acreditar que eu posso tudo,  que juntos vamos conquistar o mundo. Faz me crer que ainda há homens com conteúdo,  depois me desilude por completo.

Ele tem esse efeito em mim,  nunca sei em que pé  estou.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Eu queria estar ao pé  de ti agora,  queria,  sei lá,  de um  jeito muito meu,  ficar no silêncio,  saber apenas que se eu precisar tu estás  aqui para me emprestar teu ombro,  saber que as lágrimas  que correrem vão  servir de purificação de minh'alma,  e tu,  sim,  tu,  me vais mostrar que ainda tenho força  em mim,  que ainda posso tudo neste mundo e que nada nem ninguém  me pode tirar de mim,  a menos que eu permita.
Eu queria estar ao pé  de ti,  e eu não  sei o teu nome,  mas quero-te. Partilha comigo um cigarro,  entre o fumo nos vamos confessando,  partilha comigo este momento,  só  te peço  isso.
Eu queria dizer que aceito que as coisas não  dão  certo,  mas foda-se,  custa toda a vez que me perco. Custa não  tanto como antigamente,  mas custa. Já  custou mais,  acho que no fundo eu  fui perdendo essa minha crença de que,  quem sabe,  um dia,  as coisas vão  dar certo. Eu tenho perdido esse meu lado.
Hoje sou mais incrédula  do que um dia pensei ser.
Eu queria que soubesses que eu tenho tido em mim um sufoco,  e hoje eu me rendo,  hoje eu aceito que sou metade do que fui,  que em mim não  conheço  mais forças  para suprir esse meu abismo,  hoje eu assumo que não  sou tão forte assim,  admito isso.
Hoje hasteio a minha bandeira e te peço,  vem e perdoa-me,  porque eu não  consigo me perdoar,  vem e diz-me uma vez mais que mereço  coisas melhores,  vem e toma-me nos teus braços,  entre intervalos  de tempo,  segura o meu mundo,  e volta a unir todas as peças de meu ser.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Quando só estamos os dois,  e o mundo lá fora se extigue, quando só estamos os dois.
O nosso mundo,  a nossa ostra, quando só existes tu e só existo eu,  nesses momentos eu acredito...Acredito com a força de um tornado,  acredito que estamos destinados,  acredito que vai correr tudo bem,  e que,  sei lá,  no fundo,  tu me amas também. Quando estamos só os dois,  assim,  juntinhos,  longe do mundo,  das tempestades que me impulsionam a te deixar,  dos murmúrios de me impedem de acreditar,  quando estamos longe de tudo isso,  nesse estado ostracizo,  quando estamos assim,  tu és o Homem mais perfeito,  sem defeitos sem meias palavras,  tu és a continuidade do meu ser,  és razão de meu viver. Quando estamos assim eu sou feliz,  acredito que também és. Esse o ponto mais alto do amor.
Mas quando voltamos ao mundo real,  o rotineiro,  o furtivo,  quando voltamos tu és um estranho,  ou melhor,  eu o sou para ti. Porque já não tenho papel em tua vida,  não tenho lugar. Quando voltamos eu lembro que afinal nada  mudou,  foi apenas minha vontade de acreditar que sim,  mas não. Nada mudou. Eu sei que tu no fundo dás-me razão,  afinal,  no fundo deves ter noção.
Quando estamos no mundo real,  eu sofro calada tua ausência,  no mundo real tu não fazes sentir tua presença. E eu não  importo,  eu não  tenho qualquer relevo.
No mundo real eu não aconteço...

domingo, 27 de setembro de 2015

Eu sei que estás com ela....
Não lhe conheço o nome, mas sei....
Sei que tens outra, soube-o quando vi que apagavas as chamadas que fazias no meu telemóvel, soube quando atendias chamadas lobge de mim, soube quando eu deixei de ser o teu levantar e deitar, soube o por essas e tantas outras coisas de que me apercebi. FODA-SE, ESTA MERDA MATA, E ARDE QUE SAFARTA.
FODA-SE. Eu dei-te a minha vida, foda-se, és merdoso tu, não mereces nada.

Tu sempre vais me comandar, eu dei-te esse direito,  esse poder que tens sobre mim.
Se me disseres que eu posso voar,  eu acredito, acredito em tudo em ti. Amo-te. Amo-te muito,  cada dia te quero mais,  cada dia sou mais tua,  esperando e trabalhando para tudo que somos e ainda aspiramos ser.

Eu sei que tens outra.
Eu nunca pensei dizer isso,  mas tenho medo do que cogito em mim. Temo que eventualmente eu aceite esse facto só para continuar a te amar. Não consigo assim amar sabendo que outra existe,  prefiro criar em mim a certeza de que és só meu. Só assim poderei ser...sei lá,  apenas ser.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Miguel,

O amor não é só feito de palavras. Perdoa-me se digo isto mas é  verdade. O amor é feito de actos,  que reiteram o amor que existe em ti.
De cada vez que te pergunto se estás bem, se já comeste,  de cada vez que eu tento me aproximar cada vez mais,  ser mais e dar mais. Cada vez que eu suporto certas coisas,  calo certas palavras,  cada gesto meu, cada pensamento oculto,  é  o amor que sinto por ti.
Eu amo-te tanto, crê nisso,  que o meu amor por ti é  verdadeiro, não  me julgues pelo que vou te dizer a seguir.
Que eu já não  aguento mais, eu queria puder aguentar uma vida, eu queria. Mas a verdade é  que eu te espero tanto e só  hoje, só hoje te apercebeste de que estás a sufocar na tua própria existência  e que eu já  não tenho espaço  na tua vida? Po, é  das coisas mais tristes que já  me disseste. Eu esperava ficar feliz com o teu despertar,  mas só  me deixou mais triste. Perdoa-me por isso,  eu devia ter sido mais honesta comigo e contigo.
Mas é que eu ainda sonhava com a felicidade junto a ti, eu ainda sonhava que as coisas iam melhorar e que tu ias te aperceber que no meio de tudo isso eu sofro, e que se a tua intenção  nunca foi me fazer sofrer,  falhaste,  falhaste redondamente. E tens de parar,  ou melhor tinhas de parar,  porque o tempo é  ido. O tempo para parar é  ido.
A verdade é  que há  mágoas que o tempo não cura,  a verdade é  que a já algum tempo eu sou solteira,  nós  é  que insistimos nessa descrença de que ainda estamos juntos. Mas não. Os nossos corações  podem estar juntos,  mas nós  não. E isso muda todo o peso colocado na balança.

Desisto

Miguel,

Eu desisti de tentar te fazer entender,  porque tu nunca o quiseste. Tu nunca o pediste. As coisas para ti sempre estiveram bem e para ti sempre hão de continuar bem. E pior que tudo isso é  que eu permiti que as coisas chegassem a este ponto,  eu permiti que esta tristeza fosse assentando em mim e que eu me tornasse a pessoa que não te suporta,  que já  não  acredita nas palavras que saem da tua boca. O pior de tudo isso é  que eu voltei a estar numa posição que eu aspirei nunca mais assumir. Mas heis-me aqui.
Eu não posso negar que hoje sou de novo esta pessoa magoada e sofrida. Mas sabes o quê? Ele tem razão. Eu não posso deixar que me consumas,  não  posso permitir mais que tu sejas o dono do meu ser quando não o mereces. Tu não mereces que eu me preocupe,  tu não mereces que eu passe madrugadas sem dormir,  tu não mereces que eu sonhe e idealize uma vida a dois,  que te ponha num alpendre e te dê  papel primordial em minha vida,  como actor principal de uma peça cujo papel foi escrito para ti, nenhum outro o poderia desempenhar.
Tu não mereces isso porque se não estás disposto a fazê-lo por mim de que serve toda a minha dedicação? Este é  um saco vazio por onde se esvaiem minhas esperanças,  este é o buraco negro para o qual tenho sido puxada,  não mais,  não  mais.
Eu escolho hoje não ser mais tua,  escolho afastar-me de ti,  escolho ser a pessoa que eu amo ser,  escolho não mais deitar uma lágrima que seja por ti,  escolho não mais voltar a acreditar no que possas ter para dizer,  e escolho continuar a amar-te à  distância,  só assim vou deixar de ser infeliz,  só  assim vou deixar de ser consumida por planos que projetei e em ti não  se realizaram.
Porque eu  tenho de me permitir a isso,  eu não posso mais sufocar deste jeito,  não  posso mais, voltar a ser esta pessoa que não  vive sem ti,  que no silêncio da noite sufoca sem ti,  que não  consegue adormecer sem saber se estás  bem,  eu não  posso mais ser essa pessoa. Não me peças que te dê  minha vida. Só  te peço isso.

Eu amei-te até  onde podia amar,  perdoa-me se não te posso amar mais. É que sabes nesse processo de me dar,  não  me posso extinguir. E extinguindo-me que sobraria da pessoa que dizes amar? Nada. Eu seria um nada em tudo  isso. E isso não é  justo,  não achas que mereço mais,  não  mereço  eu mais que isto?
Não  me mereço  um amor em condições, que chega de mansinho que me conquista com vagar,  mas que me preenche por inteiro que não falha no simples,  no mais básico. Que se lembra de mim a meio da noite e liga num sufoco procurando por mim,  que só tem verdade no falar,  que age sem errar,  não mereço eu um amor assim?
Diz-me,  não mereço?

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Eu chorei ontem à  noite. Eu estou a enloquecer. Ontem estavas aqui,  eu juro; quando acordei já  não  estavas. E o teu telefone estava desligado,  será que te imaginei,  será?

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Imaginei-te

A minha vontade eras tu,  só  tu; todos  os dias,  entre intervalos de tempo,  entre cada inspirar e expirar eras tu,  a minha vontade era te ver deitado junto  a mim,  mas por vontade,  vontade tua de ficar. Eu não  quero um amor forçado. Não quero que te sintas preso ou amarrado. Se for para ficar fica porque queres.
Eu quero-te como és,  com vontades e desejos próprios,  com sorrisos e jogos  nossos,  quero-te na madrugada puxando  me para perto,  que quero,  quero e quero...
Às  vezes penso que te imaginei; há mulheres que imaginam gravidezes,  então  eu imaginei esta relação. Criei cenários  de uma vida a dois,  de coisas que desejaríamos  fazer depois,  imaginei isso,  será?  Não  sei,  eu já  não  sei nada.
A verdade é  que a lucidez de uma vida não  permite que uma relação  se forme assim,  estes contornos que temos não  são  meus,  porque se estamos juntos como é  que pode não  nos olharmos,  não  nos falarmos,  não  nos beijarmos,  tocarmos,  sussurarmos,  nada disso,  e na rua passamos como se não  nos conhecessemos?  Eu olhei para trás  à  espera que virasses. Não  viraste...não  viraste. Por isso,  eu imaginei tudo isso,  só  pode,  só  pode,  imaginei tudo isso. Caramba, vá  lá  um momento de lucidez,  eu admito,  imaginei-te,  criei-te e moldei-te. Tu não  tens culpa,  afinal,  não  sabias a dimensão  que tinhas em mim.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Pedro,

       Obrigada por nunca desistires de mim, obrigada por isso. Por dia após dia,  negareste a aceitar a minha fraqueza e porque me viste sempre como a mulher mais forte,  a mais bela,  a mais segura. Porque eu sei que fui difícil e quis seguir em frente tantas vezes sem te levar comigo, tu ensinaste-me que as coisas mais belas dão trabalho. Que para as rosas florirem têm de romper o véu arenoso e buscar mantimentos para brotar vigorosamente, tu mostraste que o amor vale sempre a pena.
        Que ele é  a força maior,  o cântico que ressoa pelas gerações e que só nós poderíamos entoá-lo harmoniosamente. Obrigada por isso.
        Porque nem tudo foram coisas más, até se crer que nós dois não iamos dar certo, até isso teve um propósito. Eu ainda te amo por isso; não da mesma forma que antes,  mas de um jeito tal  qual uma irmã que mesmo sabendo todas as tuas falhas,  ainda assim te protege. Eu amo-te desse jeito.
         Eu sei que em ti ainda há amor...
         E a minha súplica é  um dia possas saber voltar a dá-lo como mo deste a mim. Só isso.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Sinto tanto a tua falta que às  vezes sinto que te imaginei,  sei lá,  de alguma forma dentro de mim,  te inventei.
Criei-te do nada,  fiz do pó  um homem,  e como não tinhas consistência,  ao  pó voltaste.
Eu sinto isso,  sinto que é  a única justificação para tudo isto.
Quem sabe eu imaginei tudo entre nós dois,  nada foi real é  tudo obra da minha mente,  por isso é  que tu ages como se não  me conhecesses,  porque de facto não conheces. Porque nunca houve nada entre nós,  foi tudo obra minha.
Nós  na cama,  pele contra pele,  carne na carne,  as tuas palavras suspiradas noite dentro,  os sonhos que ouvi-te orquestrar,  nada disso foi real,  nada,  só  pode. Eu te inventei.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Desiquilibrada

E eu tenho a tua foto como protecção  de ecrã,  sabes?  Nem eu sei porquê.
Talvez seja lembrança dos momentos bons que vivemos,  de quando de manhã  bem cedo tu pensavas em mim e me ponhas a par de tudo que fazias ou ias fazer,  tanto que tiravas fotos a tudo. Isso me fez te amar. Sabes? Eu te amei porque me amaste,  porque eu sentia em mim algo que não  sei explicar,  mas nunca pensei chegar a tanto,  tu fizeste isto chegar a tanto.
Fizeste  isso porquê?  Para depois me deixares assim? Desfeita,  pedaços da mulher que um dia fui,  a violência também passa pela omissão. Não  amar, não  se importar,  também  passa por isso.
Tu me violas cada vez que eu ligo e não  atendes,  tu me violas cada vez que eu tento te explicar o que me custa e tu me fazes sentir como uma desiquilibrada,  tu me violas quando pões limites ao meu amor,  quando  só nos podemos amar dentro dos teus limites,  violas-me incessantemente. Basta não? Eu quero outras coisas...
Coisas que quis viver contigo,  quero essas coisas. Chegar de mansinho e dar tudo de mim,  quero  ser feliz,  isso sim,  e ter alguém a quem eu possa fazer feliz. Porque parece que eu não  basto,  eu sou insuficiente,  eu tou sempre errada,  sempre em demasia. Nada em mim é  correcto. Às  vezes me pregunto se o que viste em mim,  o que  te fez me amares realmente existiu... às  vezes pergunto-me será  que foi a mim que viste,  o sol batendo no rosto,  cabelos ao vento,  pele achocolatada? Fui eu? Acho que não.
Foi a ideia de mim,  a ideia de que um dia eu seria essa mulher. Eu não  sou essa pessoa.
Eu sou a atrapalhada que corre de um lado para o outro,  assertiva,  espontânea,  com a cara trancada,  achada demais,  amante demais, cheia de vícios,  cheia de vivências imensas,  eu sou essa desiquilibrada que chora por não  responderes a uma sms,  por não  quereres me abraçar  na rua,  nem quereres beijar. Mas sabes uma coisa? Essa desiquilibrada amou-te,  por duas luas cheias,  amou-te,  por outras duas ainda mais.
Alegra-te por isso.


Tu vais ficar bem...

Tu vais ficar bem. Tu vais ficar bem.
Já estiveste aqui outras tantas vezes e sempre ficaste bem. Porque a vida é um jogo viciado e voltas sempre à  mesma casa,  sabendo que um dia dela irás partir.
Por isso,  crê uma vez mais,  vais ficar bem, porque sempre ficas bem.
O cheiro dele vai sumir da tua lembrança e aos poucos a saudade vai deixar de apertar,  quando ele estiver no mesmo espaço que tu,  já  não  vai custar,  não  vais precisar de prender a respiração e tentar não  sufocar. Vais estar à  vontade,  porque tu tentaste,  tu deste tudo de ti.
A culpa não foi tua. E quem sabe também  não  foi dele.
Nesse dia quando as coisas voltarem a ser leves,  tu vais voltar a ser segura,  sem precisar de ligar a pedir opinião. Sabes,  nem sempre estamos prontos para amar,  e ele não estava pronto para amar. Simples assim.
Não te estribes nas imensas razões  que vais tentar encontrar para a forma dele de agir. A verdade é  que quem ama fica,  quem ama liga,  manda mensagem, anda de mãos dadas,  mostrando ao mundo que és tu que ele ama,  e lembra constantemente  que te ama, não  só  em palavras mas em tudo que faz, porque o amor é  isso mesmo. As pequenas coisas que fazem toda a diferença,  toda a diferença. E ainda que tu tentasses fazê-lo  ver isso, era impossível,  porque não  se ensina o amor,  o amor nasce connosco. Brota do nosso âmago desde o primeiro fôlego, não  é  assim que brota em ti?
Todos os dias,  nas palavras que calas,  no olhar que desvias,  nos gestos pequenos,  o abraço  maternal,  a palavra amiga, nos momentos em que ouves o lamento dos tempos, esse amor que jorra de dentro de ti,  incessantemente,  esse amor que ele não conhece e nunca conhecerá.

Eu tentei,  tentei mesmo. Tu sabes isso....não sabes?

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Metade

Metade do amor é  o quê?  Para mim é  nada. Como posso eu ser metade de preocupação,  metade de entrega,  metade de um mundo.
Quando cozinhar para ti dou metade,  metade fica cá  dentro outra metade te entrego. Queres a metade boa ou a má?  Diz-me,  tens de me ensinar  a ser pela metade. Eu sempre fui por inteiro.
Será  que quando eu sentir a tua falta metade das vezes digo a outra metade escondo?  Quando quiser te beijar,  metade beijo outra metade mordo meus lábios,  encarcerando o carinho. Não sei. Será que nisso tudo tenho de aprender a amar pela metade e a ser pela  metade?  Isso não  é concebível,  simplesmente,  não  é.
Eu sempre fui por inteiro,  intensa demais,  me dei demais,  sofri demais, amei demais,  mas sabe o quê?  De nada disso me arrependo. Tudo que fiz,  me ensinou,  moldou e ajudou. Se hoje sou a mulher que amas é  porque sempre fui  em demasia e nunca tive de pedir  perdão por sê-lo. Se puderes,  se quiseres, aceita-me assim.
Não  vou mais me desculpar por quem sou.

domingo, 26 de julho de 2015

Cobranças...

Eu parei de me justificar,  sabes?  De tentar encontrar uma explicação  para as coisas que faço. Só  eu sei porque as faço.
Se não  liguei é  porque não  quis,  se não  te disse nada é  porque não  tive vontade,  é  que sabes,  também  cansa ter que gravitar em torno de outras pessoas. Gravita também  em mim,  procura-me também,  não  são  as relações  feitas de duas pessoas que lutam para dar certo,  assim é  o amor,  assim também  é  a amizade. Luta também  tu por mim,  e não  me cobres mais prestações  que não  te devo.

sábado, 18 de julho de 2015

When we fight,  I have to reorganize my whole life; that's the problem with relationship,  at least those in which you put all of your effort, you end up gravitating in someone else's orbit,  and man,  this is tiring,  and damn frustrating. Let me be,  please leave,  I don't wanna go tro this anymore. So bye,  I rate be alone.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Amor...

Já  quase não  tenho o teu cheiro,  já quase sumiste; acho que, no fundo, o amor é  isso: uma camisa que se tem que ir perfurmando,  permanente e incessantemente,  senão  um dia acordamos e o cheiro sumiu,  assim como o amor. É  um equilíbrio entre o teu e o meu; entre os remendos que o uso vai requerendo que se faça; é  uma perpétua reiteração dos motivos que nos fez ama,  não hoje,  uma camisa cansada, mas quando te vi do outro lado da vitrine,  e me apaixonei,  quando te levei para cada e assentaste em mim,  uma e outra e outra vez; quando em teu corpo verti mil rios,  quando em meu corpo viste-me ser feliz. Por todas essas vezes que estiveste e ainda hás de estar comigo,  eu tenho de te perfumar,  e tu também,  meu bem. Dás  tu um tanto,  semelhante ao meu quanto,  e só  assim, será para sempre amor.

Amar...

Meu amor,  o teu cheiro na minha pele...
Queria que estivesses aqui,  para veres que eu arrumei essa bagunça que eu sou,  para veres que desbravei a montanha de têxtil e os pirinéus de papel. Queria que soubesses que pelos meus actos te mostro amor.
Amar é abdicar um pouco de mim,  para sermos nós,  amar é  saber que em mim há partes que devem ficar para trás e esmorecer no tempo. Amar é  ser a câmara clara de onde se dissipam os negativos e toda a minha forma de viver é  revelada. O amor é  a tinta reveladora.
Se arrumei,  é  por ti; se cozinho,  é  por ti; se esses dias tenho sorrido mais,  ai meu amor,  tu és  o motor do estímulo de meus músculos,  só  tu.
Neste quarto limpo,  entre lençóis novos,  minha pele virgem,  tua camisa usada,  entre o cheiro teu e o cheiro meu,  faltas tu.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Brincadeiras...

Há  brincadeiras que não  são brincadeiras,  que ferem mais que a verdade.
De cada vez que me fazes acreditar e depois matas a minha esperança,  matas também o amor que em mim há.
Cuidado! Tem muito cuidado! É  assim que se mata um sentimento que tinha tudo para ser. Tem cuidado!
Eu conheço muitos carnavais,  e o amor  também se pode matar,  já vi acontecer,  não mo mates tu também.
Queres brincar,  podes brincar. Mas não com os meus sentimentos,  nem com a minha seriedade; sim,  a minha seriedade. É  que sabes,  eu sou feita de despachos e leis,  de um país  burocrático,  não brinques com meus protocolos. Não me custa te deportar.
Outros foram antes de ti; meu bem,  tu podes ser tudo,  antes de ti,  eu já  era,  e hei de continuar a ser.
Não me forces a isso.
Se te dou tudo,  aceita e respeita o que te dou; eu não tenho nem paciência,  nem tempo para brincar. Queres brincar,  avisa-me já! Para te dar o ultimato e cada um seguir seu caminho.
Não me tomes por Senhora de Nariz Empinado. Nada disso! Eu também sei brincar. Mas não assim,  não com isso. Sempre fui sincera ao extremo,  sempre que foi para brincar reiteirei-o até à última instância: "Estamos a txilar",  "Não te apaixones",  "Nunca vamos ficar juntos".
Mas quando é  a sério,  é  a sério,  não me tomes por joguete em tuas mãos. Não o sou,  nem nunca o serei.
Tenho o dito!

terça-feira, 30 de junho de 2015

Ecos

Os gritos que ecoam na noite, ainda se fazem ouvir. São monstros mitológicos actuais que se fazem sentir.
O frio entra pelos vincos do lençol,  traz consigo a tormenta. "Tenho medo", sempre tive medo,  e hoje mais do que nunca.
"Então cala o medo; cala a tormenta, finge que está tudo bem,  vai tudo bem,  tudo ficará bem. Finge até acreditares que sim,  finge até ser verdade".
Talvez só assim poderás ser feliz. Ou pelo menos fingir que o és.

Não sei se o consigo,  fingir também requer esforço,  não sei se consigo.
"Não pode o medo me consumir? Não posso eu sucumbir?"
Há  também beleza em sofrer,  talvez seja melhor sofrer. Porque fingir não  sofrer é  tormento. Deixa-me ser verdadeira,  deixa. A verdade é  que eu sofro,  há  muito tempo que tenho sofrido, não  sei como sair deste ciclo vicioso,  não  sei.

Tenho escrito e feito tantas catarses,  não  são  bastantes. Que baste ficar em estanque existência,  garrafa na mesa,  night à  direita. Isto é  o bastante. Permite-me que o seja.

Se me preguntares como e quando sou feliz,  hei-lo: sou feliz assim, sem ecos,  sem sombras,  sem vozes. Sou feliz em estanque existência,  se me destruo enquanto isso,  não  sei. Mas é  o apogeu da minha existência,  Deus meu,  a que ponto cheguei?

És tu...

Queria falar contigo e ouvir a tua voz, queria tocar-te, congelar o teu rosto naquele sorriso que eu amo, queria sentir que o espaço que sobrava em mim,  tomaste-o tu. Conquista-me de mansinho, firma-te em mim e deixa-me firmar também. Sê meu por inteiro. Eu não sei mentir,  não sobre isso....

A verdade é que és tu, na alvorada serena,  janela a dentro perena,  trazendo a alegria de uma vida;
És tu quando eu tento adormecer,  firmado em meus vislumbres de ser.
Revela a minha existência,  sê  câmara escura,  sê  isso para mim.
Desculpa se te encho de tarefas,  não  me leves a mal.
Mas sabes esperei por ti uma vida,  anseei,  sofri,  sabes?  As dores que sofri também foram tuas, porque tu és parte de mim. Mesmo sem antes o saberes,  sempre foste parte de mim.
E assim que eu vejo a nossa existência.
Eu não quero chamar isto de relação,  as relações findam,  as pessoas cansam-se cortam laços e fingem nunca se ter amado. Eu não  quero isso para nós. Entendes isso?
Eu não quero findar em ti,  no bom sentido. Eu quero me expandi,  expande-te também em mim. Ai meu amor. Sentiste?
Nossos corações falharam um batimento em sintonia,  vês quão belo é este ser,  este organismo que nos une. Não  peço mais nada,  não preciso de mais nada.
Fica só,  dia após  dia,  reitera em mim o teu amor,  deixa-me fazê-lo em ti. Permitamo-nos a isso.

Tá  vendo? O mal de amar é  esse: você enche a sua casa de tudo dele,  até  o pó  é  feito dele,  cada canto com marcas dele e quando se acaba,  todo seu mundo desaba,  todo o universo finda. Difícil né? Vai custar imenso para passar, mas vai passar.
Dá uma faxina nessa casa,  aproveita e limpa também sua vida. Você já existia antes,  vai continuar a existir, ele pode tudo,  mas só  pode se você deixar. Por isso não  deixa,  provoca uma insureição,  não  se dobre por nada,  muito menos por alguém.
Faz da revolta sua bandeira e derruba esse regime,  quem disse que só  dele você viverá?  Só  dele dependerá?  Quem disse? Há  muito mais coisas em ti,  ainda há coisas a descobrir.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Não me olhes assim

Esses olhos que me julgam
Esses olhos que me lêem
Esses olhos que vêem

Queres falar?
Fala!
Queres ir embora?
Vai!
Mas não me olhes assim.

Não desse jeito,
Que me mata,
Que corrói,
Quando me olhas
Tod'alma dói.

Não me olhes assim,
Por favor, não  me olhes assim.

domingo, 17 de maio de 2015

Há Grandeza em ti

Tu não  te deste demais,  mem te deste de menos.
Deste na medida certa,  tu és completa.
Repara como o Sol e o Cosmo se alinham para te ver desabrochar... É  a sinfonia rítmica de exactidão de ser.
Repara como no chão se firmam tuas raízes,  estendendo os braços  para o infinito e alcançando o imenso.
Porque tu és  isso,  tu és  o imenso.
Não  te estribes em entendimentos alheios,  é  esta a tua dimensão,  é   este o teu ser.
Não pode a formiga dizer ao Elefante,  faz-te pequeno porque pequeno és.
O Elefante sabe-o dentro de si,  que não  o é,  nem nunca  o será.
Ele sabe,  tu também o sabes. Ainda que em teu âmago estejas despedaçada,  receosa de cada passo,  na incerteza da tua capacidade,  do porquê da tua existência...Há  grandeza em ti,  não  permitas que te digam o contrário,  HÁ GRANDEZA EM TI!❤

sábado, 9 de maio de 2015

A todos os vacilãos...

Aí você  ama,  e ama,  e ama,  e ama. A pessoa te magoa e você  continua amando,  a pessoa te desrespeita e você  continua amando. A pessoa te humilha e você  continua amando,  até  ao dia em que  ela machuca tanto que sem querer toma aquele fiozinho,  tá vendo aquele fio,  que quando você  puxa a saia se desfaz? Esse mesmo.
Ela te machuca tanto que toma o fiozinho,  mas você  continua  amando, os erros repetem-se, puxando o fio com o tempo, também enfraquece o amor.
Mas ainda assim você perdoa:"quem sabe, um dia ele melhora?". Mas não melhora.
Porque ele sabe que  você  nunca vai partir e vive com a certeza que você está amarrada a uma peça de roupa da qual nunca se livrará. Mas ele não  sabe, que aos poucos você  se questiona, que aos poucos você volta a ser racional, até  ao dia em que não  restar mais vestido e você, andando nua por aí, for novamente livre.
Sem depender mais dele, sem viver condicionada por uma ideia de amor, que no fundo só  ela teve, só ela esteve disposta a dar.
Nesse dia,  respire fundo, aprecie cada átomo do Universo e saiba que você é livre!

domingo, 3 de maio de 2015

....

E mesmo despedaçada  em seu âmago,  todos os dias,  ela se levanta,  veste o seu semblante de guerreira,  e deixa a dor no travesseiro.
E ele?  Ele está  sempre com ela,  só  que ela não  passa mais os dias pensando no quanto ele faz falta,  nem é  bom.
Primeiro,  negou tudo:"não aconteceu,  não  é  real,  vou resolver tudo isto,  não  me vou deixar vencer";
Depois: "porquê  eu?  Que mal te fiz? Mereço eu isto?";
Agora:"vou cuidar de mim,  vou ser melhor,  vou-me aperfeiçoar a tal ponto que ele vai ver o meu rosto em todo o lado,  e eu vou chegar lá  no topo do cume,  onde sempre sonhei chegar,  onde quis chegar com ele. Vou mostrar que posso, sem ele,  muito mais do que alguma vez pude. E quando ele me vir,  não  vou mais essa rapariga incompleta, não. Vou ser uma mulher mais segura, mais determinada,  os meus olhos vão  brilhar mais,  e o meu coração vai bater ao som do meu próprio  ritmo; coração nenhum, ser nenhum vai-me fazer falhar um batimento,  nunca mais.
Vou caminhar de cabeça erguida e não  me vou dar a ninguém,  pelo menos a quem não mereça,  é  isso que vou fazer. Vou sair por esse mundo e vou ser completa para mim,  e vou mudar o mundo e vou ser melhor. E ele vai sentir a minha falt e eu nem vou lembrar mais o nome dele,  e esse espaço que ele dei ou vai deixar de existir".
Todas as manhãs  ela repetia isso para ela,  na esperança  de um dia acreditar,  na esperança  de um dia o sufoco desaparecer e as  coisas voltarem a ser leves;
Mas não voltaram,  porque nunca voltam. A verdade é  que  o rosto dele perseguia-a,  dia e noite,  era pensamento incessante,  saber se ele estaria bem,  se estaria feliz,  se teria conseguido os tão  sonhados e almejados sonhos que pela madrugada o persegiam; ela não  conseguia adormecer com facilidade. Sentia falta da sua voz,  madrugada dentro,  sentia falta de dar escapadelas,  sentia falta daquele aperto,  do cheiro a madeira característico,  o seu olhar incapacitante,  toda uma áurea  marcante.
Sempre havia nela um pouco dele,  sempre havia nela um pouco dele. Ela deixou de se esgrimir em temas esgotantes,  deixou de procurar lutas incessantes,  passou  a buscar mais paz no desterro,  passou a amar mais o Universo,  quem sabe assim,  um dia talvez,  por uma arte mágia,  alcance a grandez de espírito  dele.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Subtrair...

Eu tenho sentido uma vontade imensa de catarses, sabe?  De exorcismos que me limpem e deixem leve. Não  tenho tido mais espaço  em mim para vontades exaustivas  que retiram tudo de mim sem dar nada em troca,  não  mais espaço  para reclamações em que eu não  vejo nexo. Não  quero,  não  vou,  não  dou. Simples  assim.
Caramba,  quando é  que eu deixei de ser dona de mim? 
Aiii se deixei,  me perdoa,  me perdi,  e agora eu vou me encontrar,  vou me amar de novo,  subtrair,  e não  voltar a somar. Quem quiser ser soma tem de pedir autorização,  faz  um requerimento  para a Administração  Central,  se eles negarem seu pedido,  sinto muito querido,  gatou!!!
Aí  gatou e muito. Mas fica feliz hein,  não  me ter também  é  ganhar. Sabe como?
Você  não  tem que passar pelo processo de me amar,  o som da minha voz,  a cor dos meus olhos,  o jeito do meu cabelo,  os contornos do meu ser,  depois não  vais se saturar das minhas implicâncias por causa do barulho da sua boca aberta ao mastigar,  e até  fechada. Ai me poupa,  que eu também  te poupo.
Não  vai ter de receber mensagens longas minhas reclamando a sua falta de abertura,  nem minha ausência  quando eu cansar de você,  da sua cara,  da sua voz irritante,  dessa sua vontade de mandar em mim. E no fim não  vai ter aquela saudade  e humilhação  de ligar para mim e eu fingir que sou sua amiga só para não  te magoar.
Tá  vendo filho?  É  melhor nem me ter. Eu sou incrível,  mas sou intensa. Te prometo.
E esses dias tou subtraindo tudo, até  minha mãe  quero subtrair,  anda chata,  mas não  posso. Mas você?  Você  e todos os engraçadinhos que vierem depois,  ah vocês eu subtraiu e agradeço que aceitem ser subtraídos.
Cheguem bem,  sejam felizes e adeus. 😘

quarta-feira, 29 de abril de 2015

No room..

Já  não  tenho idade  para ser inconsequente. O quê que  querias que eu fizesse?  Que deixasse andar,  para que um dia o teu amor fosse imenso e eu não  tivesse nada a dar,  a não  ser companheirismo? Até  os grandes amores não  podem ser inconsequentes.
Tem de haver coerência naquilo que fazemos, tem de haver.
Otherwise,  it's insane,  pure insanity. I just can't live as if tomorrow would never come. I just can't.
I working towards something,  I build myself around a concept,  a concept of balance,  life balance.
'Cause it comes down to a point in your life when you don't aim anymore for the trill,  for the moments that you feel like dieing,  and in that last second you make it. Not anymore.
Now I only want balance,  the joy of waking up in the morning with a light heart and a steady head, the firm step when a walk out of my house, the certainity that I'm strong,  I'm well oiled machine, heading to greatness.
That's my main motto,  that's my life purpose,  that's all that matters,  that's all I'm focused on.
Por isso,  não  há  espaço em mim para inconsequências.

domingo, 26 de abril de 2015

Momento...

A minha capacidade de resiliência é  enorme,  mas há  dias que não. Há  dias como o de hoje que tudo parece perdido,  tudo parece  vão: "que valor tem este momento e este lugar,  se depois tudo se perde e tudo é  pó?"
Não  tem valor nenhum,  nem nunca o há  de ter.
É  isto  que eu sou,  é  isto  que penso neste momento. Que nada vale a pena,  que minh'alma é  pequena. Neste momento sou pó,  neste momento sou nada. E minha vontade é  desparecer por entre as fendas da terra,  e adormecer. E num sono profundo esquecer que isto existe,  que eu existo,  não  ser eu, não  ser agora, nem  voltar a ser.
Minha vontade é ser outras pessoas e outras lugares, é  ser um velho que  só  tem memórias  para contar, minha vontade é  ter tudo vivido e esperar a morte (heresia,  eu sei). Mas é  isso que eu quero,  caramba!
Quero ter a certeza que a minha vida não  foi em vão,  neste momento não  sei,  neste momento não  tenho certeza  de nada.
Neste momento sufoco  aflita em minha existência,  neste momento me acabo. Neste momento só  quero fugir,  neste momento,  neste... Acaba também  tu momento,  subtrai-te e dá  lugar a coisas boas.
Momentos vêm,  momentos vão,  mas tu diz-me que não  és  em vão. Diz-me que vais servir de aprendizado,  diz-me que um dia vou sentir saudade, diz-me alguma coisa caramba. O teu silêncio  também  mata.
Não  me deixes sem saber,  elucida-me.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Perdoa-me...

Minha vontade é  não  te deixar ir embora, sabe? Minha vontade é  voltar a discar o teu número, só  para ouvir a tua voz. 
É  que eu vivo nesse vai e vem, nunca sei se estou completamente lúcida, quando estou tomo decisões  que ultrapassam a minha compreensão. 
A verdade é  que tu me deste muito em tão  pouco tempo, tens sido uma alegria imensa, os raios de sol que entre as cortinas se fazem sentir, e eu tenho medo de as abrir. Ok, admito, eu tenho medo. Tenho um medo tremendo de gostar mais ainda desse teu sol, dessa tua áurea. De me amarrar de um jeito que depois não  vou saber desgrudar. Me falo que eu poderia ter feito de diferente?
Você  chega desse jeito, me ganha em segundos, me mostra todo um mundo, me vira a cabeça, tudo que eu gosto e já  tinha perdido o gosto. Você  trouxe isso de volta e muito mais.... mas muito mais. 
Perdoa-me, não  sei ser de outra forma, mas a sua "tal" não  sou eu, nem o poderia ser. Perdoa-me. 
E dou por mim a ouvir músicas  nostálgicas  de um tempo presente,  vê  o efeito que tens em mim. Como pode isso?  

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Desligar-se

Cuida de ti,  tens de cuidar de ti. Sabes,  mais ninguém  o fará, por isso cuida de ti.
Não  te sujeitas a circunstâncias  quando estás  desfeita,  não  te permitas a isso. Assim só  desabarás mais ainda,  a tal ponto que um dia nem no espelho reconhecerás teu rosto. Quando não  sabes do que te deves defender ou como defender estás  sujeita a tudo; não o permitas,  nem hoje nem nunca,  não  o permitas.
Conhece-te,  aprende  a amar a solidão,  minto,  conhece-a pelo diminutivo, só. Conhece-a em todas as formas. Mas conhece-a, ama-a,  valoriza-a,  não  tentes deixa-la desamparada,  durante um tempo ela será  a tua companheira  e não  faz mal. 
Não  faz mal estar sozinho. Conhecer o batimento do próprio  coração,  reaprender a amar e a não  precisar,  comprar novas loções,  conhecer novos cheiros e novos sons,  desligar-se,  no fundo  é  isso,  desligar-se.
Se possível  reiventar-se,  saber em que  se errou,  como mudar,  como melhorar,  procurar canalizar apenas o que é bom,  o positivo, o construtivo.
Faz isso, reiteira isso,  até  ao dia em que o deitar e levantar seja leve,  até  ao dia em que os pensamentos matinais sejam inéditos  e joviais,  até  que o peito já  não  aperte,  até,  se possível,  todos aqueles que tiverem o seu nome,  não  te façam fraquejar. Bem assim,  andar sem fraquejar.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Não forces o amor

Não  forces o amor. Repito. Não  forces o amor.
Não vês a tartaruga encaminhando-se para o mar, morosa, pôs-se o sol, leventa-se, despede-se e retorna. E ela sempre lá.
Sê morosa assim: contas os teus dias, plantas as tuas flores, quando o jardim brotar não  as colhas, espera que amadurecem, espera pela segunda leva, espera até  que o caule se firme na terra, e vento algum, chuva alguma, sol algum a desenraizem.
Espero pelo timing da tua vida. Porque quando chegar vai ser um espectáculo  celestial, todas as vozes torna-se-ão mudas, todas  as dores sanadas.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

21.julho.2012

Eu tenho pensado muito,
Sabe? Refletindo sobre nós.
Sobre o que foi e o que não foi
E sabes?
Da vontade de chorar
Nasce uma vontade imensa de sorrir
Por nós
Por respeito ao nosso 2amor”.
Meu sorriso é saudoso,
Do tipo que quer reviver tudo e não mudar nada.
Meu sorriso também é triste
Bem assim,
Saudoso e triste.

Pensando e relembrando
Cada detalhe teu
Numa tentativa inútil de nunca te esquecer
Nunca, nunca.

21.julho.2012

28.maio.2012

Um dia o teu entendimento
Chegará a mim…
Quebrará o papel que nos separa.
Quem sabe libertar-me-ás destas amarras…

E então,
Aí eu saberei,
O porquê da solidão….
Afinal nem todas as sombras
São para serem vistas
Nem todas as lamentações
Ouvidas
Nem todas as razões compreendidas
Nem todos os sonhos partilhados.

E Ela é justificada
Tu quebraste para ver
Para ouvir
Para compreender
E partilhar

Cálidaenternecida,
Agradece então minha alma.
Porque nova luzas iluminam-na
Novos caminhos são traçados
A esperança é, enfim, renovada.

28.maio.2012

domingo, 5 de abril de 2015

Razão...

Mas que ser é este que surge na minha vida? Que direito tens tu?  
Oh redundância existencial, és todos os romances redigidos, esgotas os guiões das telenovelas e ainda assim és novo, és na medida certa, és mais do que eu ouso pedir. Tu és o cruzar dos caminhos, a leve brisa na alvorada, silêncio matinal que em meus pensamentos entra sorrateiramente e traz paz. 
Tu conheces-me de trás para frente, e de frente para trás, antes mesmo de me ter conhecido e pior, eu também te sei, como canção de ninar eternizada em mim, eu te sei. 
Sei todo esse teu feitio, todos os teus projectos, as tuas partidas e chegadas, as tuas falhas e exautivas interrogações existenciais. De um jeito sei lá de onde, tu me completas e me fazes ser melhor, mas eu tenho medo, eu tenho tanto medo; 
que tudo isto seja mentira que tu tenhas visto em mim toda a fragilidade humana e que hediondamente me tenhas manipulado para me possuires, eu tenho medo, tenho tanto medo. 
Porque não é normal o Universo conspirar assim, porque eu já passei por conspirações semelhantes que culminaram em desilusões porque eu no fundo acho, sinto, sei, que não te mereço.  Eu sei.
Porque as histórias de amor não devem ser escritas com sangue e lágrimas, pelo menos não de alheios ao nosso amor. Eu sei isso, e a parte racional de mim diz-me para inspirar o mais profundo que eu conseguir, e saborear no escuro, no recôndito espaço que tens em mim, cada momento, 
o meu virar para te encontrar, o teu cheiro a armário, as tuas mãos a deslizar lentamente em mim, e depois mais e mais rápido, o teu anel, o tom da tua voz, o teu cabelo, o teu balançar,  o teu andar, a tua cor, o teu sorriso, o teu olhar, o teu casaco, a tua voz ao dizer o meu nome e acima de tudo, nós dois, só nós.  
O meu lado racional diz-me : agarra com força, que não tarda muito vais ter de soltar.

sábado, 4 de abril de 2015

Limpezas...

"Mantém-te ocupada", reiteiro em mim, "mantém-te ocupada". Não deixes que a presença dele se apodere da tua vida; "ele não está aqui, ele não te merece. Mantém-te ocupada". De uma assentada limpo as janelas, e os móveis, as casas de banho e os quartos, e ao limpar o visor LCD, consigo ouvir a tua voz: "ai, esse rabo, amo-o mas amo ainda mais o meu Leão. Deixa-me ver o jogo." Consigo ver-te puxares-me para junto de ti, elevares-me, tal qual um bebé. Nos teus braços sou fraca, nos teus braços me rendo. E deixo-te consumires me em teu colo, em frente à TV; a bola ainda rola, mas isso não mais importa. Mão aqui, mão ali, boca aqui, boca não aí, é este o nosso momento. E isso faz-me sofrer. Desabo, em prantos lembro o teu olhar, o teu falar, o teu beijar, o teu andar, o teu pegar, sorrir, brincar... Não tem jeito, por mais que tente, tu tomas conta de mim, em
tudo que faço tu estás aqui. Se ainda há lugar em mim, não sei. Sei que o espaço tomaste-o tu, a mente é tua, o corpo é teu, só não me leves a alma, essa deixa-a, quero dar-la a Deus. Porque ele merece ao menos isso, já em ti deixou meu juízo, que leve o pouco que resta.

Chegada...

Não me digas que é o fim; e os sonhos que juntos construímos, e o pedido que visualizei para ti, nunca to contei mas visualizei. Os filhos, a casa, as viagens, para onde vão? Em mim já se firmavam em cimento, em mim cada dia em ti era o virar da página em direcção ao clímax do nosso livro, lembraste disso, da nossa conspiração, lembraste? Lembras a minha teoria repetida em mim todas as vezes que me lembro de te encontrar, lembro que já eramos um ainda antes de o ser, lembro que a insólita vez que te confessei isso e do brilho em teu olhar porque também sabias; que tu me pertences e eu a ti, sei disso e tu o sabes.
Andamos tanto tempo distantes, e depois de nos termos encontrado tudo passou tão breve;  mas sabes, eu tenho de te confessar, para mim foi uma vida. Para mim nada foi inédito, eu já sabia cada canto de ti, já te conhecia e tu a mim, e no teu mover cheguei à minha Pátria. Atraquei em teu porto e afundei meu barco, celebrei, sob um espectáculo pirotécnico, finalmente cheguei, não preciso mais de ti velho amigo, é este O porto, não precisarei de partir jamais.
Minha terra amada, sei toda a tua fauna e flora, tuas tempestades, temporais e dias amenos, o sol erguendo-se entre as colinas, no início
de cada dia, sei todos os teus trilhos, as pedras que deixaste pelo caminho, e ao longe a fumaça, lareira acessa, pão na mesa, tu por mim esperas, abres a porta, e heis-me aqui. Não ouviste os passos mas soubeste porque o teu coração falha um batimento de cada vez que sente o meu, e o meu segue-te o ritmo, bailando em sintonia, tal qual a primeira vez; tu aguardas há mil invernos, e hoje a primavera, brota aqui. Há muito parti, há muito te procuro. Não te conheço mas te reconheço;  és tu, sempre foste tu, sempre o serás, ainda que eu não saiba. Em meus braços o sabes, o sentes, o reconheces, confirmas e reconfirmas, infinitamente nós tremeluzimos em harmonia cósmica, não há mais nada, nem som, nem luz, nem cheiro, nem toque, nem gosto, nem pensamento, só tu em mim, só eu em ti. E isso basta.

Volta...

Ainda tinha tanta coisa para te contar sabes? Tantos sonhos que eu quis partilhar contigo, tantos medos que ainda não exteriorizei. 
Ainda tenho amor para te dar, tantos beijos, tantos abraços do tipo " fica aqui comigo para sempre" ainda tenho tudo isso em mim. 
Ainda há tempo, sabes?  Se quiseres podes voltar; volta e eu não te vou julgar. Para mim só terá valor a tua presença. Os motivos que te levaram a partir, eu esqueço, eu mudo, dou tudo de mim, mas volta, podes voltar. Volta para o nosso mundo, volta e preenche os contornos do meu ser, eu sei que sou completa;  mas tu não és a peça que falta, tu és o motor revelador do meu ser, só isso. É essa a dimensão que te dou, não sei suavizar as coisas. 
Tu és esse néctar divino, mel cristalino, denso delicado, que corres em mim e dás uma nova força anímica à minha existência. És o quarto escuro
onde revelo os negativos que há em mim,  revelo os sonhos positivos em ti.
Tu és tudo isso, e na tua essência és muito mais, qual girassol seguindo o Universo, abres-te à imensidão de possibilidades bioexistenciais e compões uma sinfonia com o Cosmo. Essa melodia tocaste-a para mim, tal qual cheiro agradável que emana de ti e deixas por todos aqueles que tocas. 
Deixaste essa melodia em mim, nem grave demais, nem aguda de menos, és a 9 ° Sinfonia, excelência humana, virtude cósmica. Só assim eu sei que existes. Porque as notas que tocaste com a tua voz ainda ressoam em mim, porque os intervalos oculares que emitias para mim ainda os posso sentir, porque o crescendo do tu e eu, em mim não cessou. 
E ainda anseio por esse crescendo : em elevação no ar, prendi-me ao teu mundo, tiveste-me nas mãos, tuas grandes, minhas pequenas, tuas frias,
minhas quentes, cobriste-me em teus braços e fui tua, todas as vezes inédita, todas as vezes memória, todas as vezes chegada. Por isso, volta, podes voltar, pois em meus braços terás sempre lugar para atracar, em meu peito moradia, volta e volta a conjugar o verbo em nós, como outrora o fizeste. 
Mas se quiseres tempo, eu dou-te tempo, esperei por ti uma vida, que serão mais uns momentos?