quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Pedro,

       Obrigada por nunca desistires de mim, obrigada por isso. Por dia após dia,  negareste a aceitar a minha fraqueza e porque me viste sempre como a mulher mais forte,  a mais bela,  a mais segura. Porque eu sei que fui difícil e quis seguir em frente tantas vezes sem te levar comigo, tu ensinaste-me que as coisas mais belas dão trabalho. Que para as rosas florirem têm de romper o véu arenoso e buscar mantimentos para brotar vigorosamente, tu mostraste que o amor vale sempre a pena.
        Que ele é  a força maior,  o cântico que ressoa pelas gerações e que só nós poderíamos entoá-lo harmoniosamente. Obrigada por isso.
        Porque nem tudo foram coisas más, até se crer que nós dois não iamos dar certo, até isso teve um propósito. Eu ainda te amo por isso; não da mesma forma que antes,  mas de um jeito tal  qual uma irmã que mesmo sabendo todas as tuas falhas,  ainda assim te protege. Eu amo-te desse jeito.
         Eu sei que em ti ainda há amor...
         E a minha súplica é  um dia possas saber voltar a dá-lo como mo deste a mim. Só isso.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Sinto tanto a tua falta que às  vezes sinto que te imaginei,  sei lá,  de alguma forma dentro de mim,  te inventei.
Criei-te do nada,  fiz do pó  um homem,  e como não tinhas consistência,  ao  pó voltaste.
Eu sinto isso,  sinto que é  a única justificação para tudo isto.
Quem sabe eu imaginei tudo entre nós dois,  nada foi real é  tudo obra da minha mente,  por isso é  que tu ages como se não  me conhecesses,  porque de facto não conheces. Porque nunca houve nada entre nós,  foi tudo obra minha.
Nós  na cama,  pele contra pele,  carne na carne,  as tuas palavras suspiradas noite dentro,  os sonhos que ouvi-te orquestrar,  nada disso foi real,  nada,  só  pode. Eu te inventei.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Desiquilibrada

E eu tenho a tua foto como protecção  de ecrã,  sabes?  Nem eu sei porquê.
Talvez seja lembrança dos momentos bons que vivemos,  de quando de manhã  bem cedo tu pensavas em mim e me ponhas a par de tudo que fazias ou ias fazer,  tanto que tiravas fotos a tudo. Isso me fez te amar. Sabes? Eu te amei porque me amaste,  porque eu sentia em mim algo que não  sei explicar,  mas nunca pensei chegar a tanto,  tu fizeste isto chegar a tanto.
Fizeste  isso porquê?  Para depois me deixares assim? Desfeita,  pedaços da mulher que um dia fui,  a violência também passa pela omissão. Não  amar, não  se importar,  também  passa por isso.
Tu me violas cada vez que eu ligo e não  atendes,  tu me violas cada vez que eu tento te explicar o que me custa e tu me fazes sentir como uma desiquilibrada,  tu me violas quando pões limites ao meu amor,  quando  só nos podemos amar dentro dos teus limites,  violas-me incessantemente. Basta não? Eu quero outras coisas...
Coisas que quis viver contigo,  quero essas coisas. Chegar de mansinho e dar tudo de mim,  quero  ser feliz,  isso sim,  e ter alguém a quem eu possa fazer feliz. Porque parece que eu não  basto,  eu sou insuficiente,  eu tou sempre errada,  sempre em demasia. Nada em mim é  correcto. Às  vezes me pregunto se o que viste em mim,  o que  te fez me amares realmente existiu... às  vezes pergunto-me será  que foi a mim que viste,  o sol batendo no rosto,  cabelos ao vento,  pele achocolatada? Fui eu? Acho que não.
Foi a ideia de mim,  a ideia de que um dia eu seria essa mulher. Eu não  sou essa pessoa.
Eu sou a atrapalhada que corre de um lado para o outro,  assertiva,  espontânea,  com a cara trancada,  achada demais,  amante demais, cheia de vícios,  cheia de vivências imensas,  eu sou essa desiquilibrada que chora por não  responderes a uma sms,  por não  quereres me abraçar  na rua,  nem quereres beijar. Mas sabes uma coisa? Essa desiquilibrada amou-te,  por duas luas cheias,  amou-te,  por outras duas ainda mais.
Alegra-te por isso.


Tu vais ficar bem...

Tu vais ficar bem. Tu vais ficar bem.
Já estiveste aqui outras tantas vezes e sempre ficaste bem. Porque a vida é um jogo viciado e voltas sempre à  mesma casa,  sabendo que um dia dela irás partir.
Por isso,  crê uma vez mais,  vais ficar bem, porque sempre ficas bem.
O cheiro dele vai sumir da tua lembrança e aos poucos a saudade vai deixar de apertar,  quando ele estiver no mesmo espaço que tu,  já  não  vai custar,  não  vais precisar de prender a respiração e tentar não  sufocar. Vais estar à  vontade,  porque tu tentaste,  tu deste tudo de ti.
A culpa não foi tua. E quem sabe também  não  foi dele.
Nesse dia quando as coisas voltarem a ser leves,  tu vais voltar a ser segura,  sem precisar de ligar a pedir opinião. Sabes,  nem sempre estamos prontos para amar,  e ele não estava pronto para amar. Simples assim.
Não te estribes nas imensas razões  que vais tentar encontrar para a forma dele de agir. A verdade é  que quem ama fica,  quem ama liga,  manda mensagem, anda de mãos dadas,  mostrando ao mundo que és tu que ele ama,  e lembra constantemente  que te ama, não  só  em palavras mas em tudo que faz, porque o amor é  isso mesmo. As pequenas coisas que fazem toda a diferença,  toda a diferença. E ainda que tu tentasses fazê-lo  ver isso, era impossível,  porque não  se ensina o amor,  o amor nasce connosco. Brota do nosso âmago desde o primeiro fôlego, não  é  assim que brota em ti?
Todos os dias,  nas palavras que calas,  no olhar que desvias,  nos gestos pequenos,  o abraço  maternal,  a palavra amiga, nos momentos em que ouves o lamento dos tempos, esse amor que jorra de dentro de ti,  incessantemente,  esse amor que ele não conhece e nunca conhecerá.

Eu tentei,  tentei mesmo. Tu sabes isso....não sabes?

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Metade

Metade do amor é  o quê?  Para mim é  nada. Como posso eu ser metade de preocupação,  metade de entrega,  metade de um mundo.
Quando cozinhar para ti dou metade,  metade fica cá  dentro outra metade te entrego. Queres a metade boa ou a má?  Diz-me,  tens de me ensinar  a ser pela metade. Eu sempre fui por inteiro.
Será  que quando eu sentir a tua falta metade das vezes digo a outra metade escondo?  Quando quiser te beijar,  metade beijo outra metade mordo meus lábios,  encarcerando o carinho. Não sei. Será que nisso tudo tenho de aprender a amar pela metade e a ser pela  metade?  Isso não  é concebível,  simplesmente,  não  é.
Eu sempre fui por inteiro,  intensa demais,  me dei demais,  sofri demais, amei demais,  mas sabe o quê?  De nada disso me arrependo. Tudo que fiz,  me ensinou,  moldou e ajudou. Se hoje sou a mulher que amas é  porque sempre fui  em demasia e nunca tive de pedir  perdão por sê-lo. Se puderes,  se quiseres, aceita-me assim.
Não  vou mais me desculpar por quem sou.